Em o olho e o espírito, Merleau Ponty, faz em sua introdução um pensamento sobre a ciência clássica, a ciência contemporânea e a arte. Destaca que antes com uma opacidade do mundo, a ciência hoje está extremamente sensível às modas intelectuais, e localiza diante disso o papel da arte.
Tratando-se posteriormente da visão, e especificamente o lugar e importância que ela ocupa no universo artístico, o autor nos diz que a pintura reforça a visibilidade natural do mundo através de uma visibilidade secreta, e de que essa visão é uma operação do pensamento. Acerca do papel do pintor ele elucida: “Emprestando seu corpo ao mundo é o pintor que transforma o mundo em pintura”.
Cita a descoberta de um mundo exterior e a utilização da linguagem indireta para expressar as idéias pensadas. Sugere a existência de um terceiro olho, uma visão interior, dita do espírito, alcançada somente através do exercício. Só se aprende a ver, vendo. Trata também da inspiração e de como as coisas olham para os pintores para que estes as transmitam para o mundo. “ Isso a que se chama inspiração deveria ser tomado ao pé da letra: há deveras inspiração e expiração do Ser, ação e paixão tão pouco discerníveis, que já não se sabe mais quem é visto e quem pinta e quem é pintado...”.
Em outro capítulo faz uma crítica baseado na Dióptrica de Descartes, na qual nos diz que o modelo cartesiano da visão é o fato, e que este não vê, no espelho, nada além do seu exterior. “... a pintura não é para ele uma operação central que contribua para definir o nosso acesso ao ser; pé um modo ou uma variante do pensamento canonicamente definido pela posse intelectual e pela evidência.
É tratado posteriormente sobre a cor, o desenho e a perspectiva, o que para Descartes possibilita uma evidência que não se pode pintar senão coisas existentes. No entanto, fazendo contraponto desta idéia, o autor nos explica que a projeção plana nem sempre excita o nosso pensamento a reencontrar a forma verdadeira. Não há visão sem pensamento, mas também não basta pensar para ver. Tratando-se de visão e imagem, o documentário, Janelas da Alma, de João Jardim, faz esse balanço entre ver o concreto e o subjetivo através de milhares de pontos de vista, seja ele do espectador ou do artista.
Em outro texto, A linguagem indireta e as vozes do silêncio, Merleau Ponty nos coloca que a pintura moderna não está somente para a subjetividade assim como a clássica não está somente para a representação objetiva. Essa metamorfose se dá por ela mesma e entre o mundo e a arte. Sobre esse aspecto da modernidade ele nos traz como exemplo a finalidade a utilização das linhas e cores ;ilustrando em um exemplo perfeito sobre os contornos de Ingres e Roualt.
Dessa forma, observamos que o movimento, a linha e a perspectiva, buscam muito mais que a representação ou imitação. Para, além disso, há uma busca interior, do espírito, para designar cifras secretas em uma linguagem única chamada Arte.
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