segunda-feira, 26 de maio de 2008

A dúvida Cézanne - Merleau Ponty




No texto de Merleau Ponty, A dúvida de Cézanne nos deparou mais uma vez sobre a imagem e suas formas de concepção e execução, assim como sua relação com o autor e com a linguagem expressiva utilizada.

Um gênio abortado, assim como denominou Zola, amigo íntimo de Cézanne, tinha além de sua genialidade, muitas dúvidas e incertezas acerca de si mesmo e do mundo real, e para, além disso, como expressar e retratar todas essas sensações e formas de pensamentos.

Característico de todo artística, e tratando-se especificamente do pintor, sempre surgem as dúvidas, angústias e incertezas de como transmitir e expressar com cores e pincéis o que se deseja. Para Cézanne, não se deveria escolher entre a sensação e o pensamento, e sim através de percepções pessoais transformadas em sensações, criar uma obra inteligível. Portanto, concebe-se a idéias de que o autor sente, interpreta e, sobretudo, pensa antes de suas criações artísticas.

Cézanne propõe uma contemplação perante a natureza, a fim de perceber o mundo interior, e através destas impressões e sensações, atingir assim a concepção e representação da realidade. “Se o pintor que exprimir o mundo, é preciso que a composição das cores traga em si este Todo indivisível; de outra maneira, sua pintura será uma alusão ás coisas e não as mostrará numa unidade imperiosa, na presença, na plenitude insuperável que é para todos nós a definição do real.”

Exprimir o mundo através da pintura de maneira e deixar que a obra fale por si mesma (resultado das percepções do mundo e íntimas do autor) é um dos pontos tratados no texto. Em outra obra do mesmo autor (Meleau Ponty) “A Linguagem indireta e as vozes do silêncio” ele nos contempla que “... o que o pintor põe no quadro não é o eu imediato, o matizar-se do sentir, mas seu estilo, que conquista tanto por seus experimentos quanto pela pintura dos outros e do mundo...”.

Assim sendo, há uma produção e expressão de pensamentos e não apenas uma arte recreativa. A incerteza e a solidão permearam a vida do gênio Cézanne, que julgava-se impotente por não conseguir pintar o mundo, tocar a cada um da maneira que queria e de forma real.Muito além de exprimi a realidade, pintores como ele não expressam idéias mas as posteriorizam, enraizando consciências, despertando experiências, animando para outrem as próprias imagens construídas.

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